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Arquitetos: MM++ Architects
- Área: 600 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Hiroyuki Oki
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Fabricantes: AIRMOUNTAIN, Daikin, District 8 Design, Kholer, Philips
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa MM parece ter sido esculpida em um bloco de concreto monolítico. A composição expõe abertamente os materiais de sua fabricação - concreto bruto pintado e um pergolado com dormentes de madeira meticulosamente organizados, de forma a delinear um exoesqueleto na cobertura, como se o telhado tivesse sido interrompido de sua forma básica para se abrir ao céu.
Assim como as casas 'tube' vietnamitas, o lote estreito é compensado pela ambição em direção ao céu. Para evitar que o interior pareça comprimido, os arquitetos buscaram referências na arquitetura Edo, no movimento De Stijl e no modernismo vietnamita.
O terreno trapezoidal, com duas testadas e vista frontal para o rio Saigon, exigia um projeto com uma fácil leitura de todos os lados. Desta forma, as estratégias do projeto dividiram o edifício trapézio em grandes salas retangulares com anexos em forma de cunha que servem como banheiros e depósitos sob medida.
As varandas foram esculpidas na forma principal do edifício, ao invés de serem projetadas em balanço. Este método de dedução proporciona sombra e pontos de vista panorâmicos, enquanto os volumes permanecem habilmente ocultos do lado de fora. Esta estratégia foi utilizada em todo o projeto - para a cama da suíte master, as banheiras e assentos na sala de estar - criando um espaço ininterrupto e vistas de todos os cantos dos cômodos.
As janelas foram substituídas por aberturas com frestas, convidando a circulação de ar e luz solar para a casa. Elas também agem como relógios de sol - lançando sombras geométricas nítidas e coreografadas de acordo com a passagem da luz do dia, enquanto afastam o calor escaldante de Saigon.
Uma caminhada sinuosa entre a porta fortificada indiana leva o usuário à sala de estar ao ar livre, através de um jardim revelador situado acima do nível da rua e protegido do exterior. O jardim é tecido por toda a casa, por meio do qual as plantas têm liberdade para escalar entre todos os pavimentos, adornando as formas cúbicas fundamentais da estrutura.
A área de estar é acolhedora, um banco embutido em toda a extensão do espaço preza pela informalidade - convidando o visitante a sentar-se deitado, reclinado ou de pernas cruzadas. O espaço tira proveito das fontes duplas de luz natural do jardim e do acesso de luz indireta na parede oposta, criando a sensação de um santuário. Espaços ao ar livre são defendidos ao invés de limitados pelo espaço, estratégias inspiradas pelo arquiteto Luis Barragan.
Uma parede texturizada na cor vermelho-ferrugem é uma reminiscência do tijolo de adobe, configurando uma meia-luz terrosa. Além de eliminar o brilho, a superfície tátil enfatiza o jogo de texturas entre os materiais em toda a casa, contrastando com o concreto das escadas e pisos, as linhas nítidas e elegantes das grades de aço e os painéis de vidro colorido. A sensação de santuário se mantêm com o vidro coreografando faixas de luz em tons de joias. As cores ousadas, típicas do vidro dos anos 1880 e 1890, são aqui reproduzidos em composições minimalistas inspiradas no De Stijl, especificamente nas pinturas de Mondrian.
Assim como as influências De Stijl, a Casa MM ressoa com a arquitetura doméstica do período Edo japonês; com níveis escalonados dentro de cada pavimento do edifício, subestruturas expostas e o respeito pela madeira bruta, deixada minimamente tratada e acabada. Cada componente da composição atua como peças de quebra-cabeça, orquestrados para ofuscar a luz solar direta e resfriar o ambiente.
O projeto de interiores teve extrema importância para coroar todas as diversas experiências e tesouros compartilhados dos habitantes da casa MM, portanto, não poderia ser restringido a uma influência estilística singular. Coletadas durante tempos ao redor do mundo, essas memórias são tão pessoais e ecléticas quanto a própria casa, forjando um lar de expedições internas.